Psicografar, para mim, é um ato de profundo comprometimento espiritual, fé, amor; e, acima de tudo, a certeza de que nascer e morrer são polos de um mesmo caminho, inseparáveis. Por isso, respeito e honro o Plano Maior.
A Veracidade das Psicografias: Fé, Consciência e Compromisso Ético
A psicografia, também chamada de "escrita
mediúnica", é um dos fenômenos espirituais mais conhecidos e praticados
desde o século XIX, especialmente no contexto do Espiritismo codificado por
Allan Kardec. Trata-se de um processo no qual o médium serve como instrumento
para que inteligências espirituais — desencarnadas — transmitam mensagens,
ideias ou relatos, utilizando-se da escrita. A veracidade das psicografias é
tema de interesse não apenas espiritual, mas também científico, filosófico e
jurídico.
FUNDAMENTO ESPIRITUAL: A COMUNICAÇÃO ENTRE PLANOS
Sob a ótica espiritual, a psicografia é legítima quando ocorre em ambiente de
respeito, elevação moral e sintonia mediúnica adequada. Através dela, espíritos
desencarnados comunicam-se com os vivos, trazendo consolo, orientação ou
revelações. O critério fundamental para aferir a veracidade de uma psicografia,
segundo os ensinamentos de Kardec (em O Livro dos Médiuns), é a coerência
moral, a elevação do conteúdo e a ausência de contradições com os princípios da
lógica e da razão.
A frase-chave deixada por Kardec nesse campo é: “Toda comunicação deve ser
submetida ao crivo da razão e do bom senso.”
A EXPERIÊNCIA DO MÉDIUM E O GRAU DE INTERFERÊNCIA PESSOAL
A autenticidade da mensagem espiritual depende do grau de interferência
psíquica do médium. Existem três tipos básicos de psicografia:
- Mecânica: o médium não interfere no conteúdo, apenas serve como canal físico.
Considerada a mais "pura".
- Semimecânica: há uma leve influência da mente do médium.
- Intuitiva: o espírito inspira ideias, mas o médium participa da construção do
texto.
A interferência do inconsciente do médium não invalida a mensagem, mas exige
discernimento na interpretação e na forma de difusão. Por isso, a formação
espiritual, emocional e ética do médium é fundamental.
PROVAS E EVIDÊNCIAS: O QUE A HISTÓRIA E A CIÊNCIA OBSERVAM
Existem casos amplamente documentados de psicografias que trouxeram dados
ignorados pelo médium e confirmados posteriormente por familiares ou registros
oficiais. Dentre os mais notáveis está o trabalho do médium brasileiro Chico
Xavier, cujas cartas psicografadas foram aceitas até em tribunais como prova
legítima em processos criminais e civis.
A ciência, especialmente nas áreas da Parapsicologia e Psicologia Transpessoal,
tem investigado o fenômeno sem reduzi-lo a fraudes ou distúrbios mentais.
Pesquisadores como Ian Stevenson (da Universidade de Virginia) e outros
estudiosos da reencarnação e mediunidade reforçam que há um corpo crescente de
evidências que apontam para a existência de consciências além da morte física.
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DA VERACIDADE
Para que uma psicografia seja considerada verdadeira ou espiritualmente autêntica,
é importante observar:
- Coerência com o perfil espiritual do comunicante (linguagem, temas, valores).
- Ausência de intenção de manipulação emocional ou ganho pessoal.
- Relevância moral ou terapêutica do conteúdo.
- Convergência com outras mensagens ou evidências já confirmadas.
- Capacidade da mensagem gerar paz, esclarecimento e cura, mesmo sem
confirmação racional imediata.
A RESPONSABILIDADE NA DIVULGAÇÃO
Por tratar-se de mensagens que tocam profundamente a dor, a esperança e o
mistério da vida, a divulgação de psicografias exige postura ética, respeito às
famílias envolvidas e um ambiente de oração, não de espetáculo. A prudência é
sinal de maturidade espiritual.
Como dizia Emmanuel, mentor de Chico Xavier: “Nem tudo o que vem do plano
espiritual deve ser publicado. É preciso discernir o que edifica do que apenas
emociona.”
COMPROMISSO COM A VERDADE ESPIRITUAL: O LUGAR DA ÉTICA NA PSICOGRAFIA
Receber uma psicografia é um ato sagrado. No meu caminho espiritual, toda
mensagem que recebo da esfera extrafísica é acolhida com profundo respeito e
discernimento. Não publico, não envio e nem mesmo interpreto de forma leviana
aquilo que me é confiado pelos planos superiores.
Quando possível, busco contato com os familiares do espírito comunicante. Procuro
validar, com humildade, se as palavras canalizadas condizem com a
personalidade, os valores e a linguagem daquela alma desencarnada. Isso não
significa duvidar da espiritualidade — significa honrar a verdade, a memória
dos que partiram e o direito dos que ficaram.
Como pessoa comprometida com os fundamentos éticos da vida espiritual, jamais
me permitiria inventar ou deturpar uma psicografia. Tenho consciência da
delicadeza que envolve o luto, a saudade e a esperança das famílias. Por isso,
recuso qualquer prática que banalize a mediunidade ou transforme a dor alheia
em palco.
Trato meus mentores espirituais com dignidade, reverência e verdade. São
companheiros de missão, não personagens de conveniência. Toda palavra que
recebo é, antes de tudo, ouvida dentro do coração, e só depois escrita no
papel. A psicografia, para mim, não é espetáculo. É serviço de alma, é canal de
cura, é testemunho de que a vida continua.
CONCLUSÃO: UM FENÔMENO REAL, MAS QUE EXIGE CONSCIÊNCIA
A psicografia é real para aqueles que a vivenciam com autenticidade espiritual.
Sua veracidade não depende apenas da crença, mas da transformação que gera.
Onde há amor, humildade e verdade, há também vestígios do divino.
Não se trata de convencer céticos, mas de servir aos corações que buscam
consolo, orientação ou confirmação da eternidade da vida. A psicografia, quando
verdadeira, não é uma prova, mas um sopro do espírito sobre o papel da alma.
Irene Fonseca
27/06/2025